O Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, considera que a experiência do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa, seja na resposta à digitalização, através do ensino da Ciência de Dados, seja na promoção do ensino pós-graduado, deve ser valorizada na resposta da Universidade à crise da pandemia.
No entender de Manuel Heitor, esta crise veio colocar em destaque a centralidade da aposta nas pessoas e na resiliência do Estado.
"O posicionamento do Ensino Superior deve valorizar a ideia de preparar novas gerações, preparar pessoas, para fazer frente aos riscos emergentes", afirmou.
“Vivemos um tempo de incerteza, mas há algumas certezas e uma dessas tem a ver com a centralidade das pessoas, com a centralidade das competências e, certamente, que pessoas e competências exigem a presença e a interação física”, afirmou Manuel Heitor.
Manuel Heitor referiu que algumas instituições de Ensino Superior no Reino Unido e nos Estados Unidos já anunciaram que o modelo de ensino remoto se vai manter no próximo ano letivo, mas ressalvou que estas universidades se posicionam “num mundo próprio” e, por isso, seria ilusório acreditar que o mesmo se poderia aplicar no contexto português.
“Temos é que perceber como é que nos podemos diferenciar no contexto europeu e perceber como é que o Ensino Superior em Portugal pode apresentar também uma estratégia própria, valorizando a presença”, considerou o ministro.
A importância de voltar à escola
Também convidado desta sessão, o presidente da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, elencou as consequências da crise para o mundo empresarial, concluindo que “esta crise tornou mais claro aquilo que muitos já identificávamos: a necessidade de voltar à escola".
Jorge Louçã, docente do Iscte a quem coube apresentar o programa de Ciência de Dados do Instituto, lembrou que a pandemia deu origem a um intenso trabalho de investigação, colaborativo e sem fronteiras. A Ciências de Dados – lembrou – tem um papel muito importante no desenvolvimento de estudos previsionais, nomeadamente em ambientes digitais, com vista à tomada de decisões.
Uma nova linguagem acessível a todos
A Reitora do Iscte recordou a motivação que esteve na base da criação do ambicioso programa de Ciência de Dados: “Trata-se de uma nova linguagem para interpretar o mundo. Essa nova linguagem não deve ficar reservada a engenheiros e matemáticos. Pelo contrário, o seu acesso deve ser democratizado, para que todos possam entender o mundo", afirmou Maria de Lurdes Rodrigues.
A Ciência de Dados é transversal a toda a oferta formativa do Iscte, preparando os alunos de todos os cursos para os desafios da transformação digital. Além de uma licenciatura e de uma pós-graduação em Ciência de Dados, o Iscte foi pioneiro ao introduzir no ano letivo 2019-2020 uma unidade curricular nesta área em todas as licenciaturas. É uma disciplina do 3º ano e foi adaptada a cada um dos cursos da universidade, tendo diferentes focos no tratamento de dados, os quais vão desde o raciocínio computacional, até à interpretação dos resultados obtidos pelos modelos aplicados. No ano letivo de 2020/21, o Iscte oferecerá também um mestrado.
A iniciativa Skills 4 pós-Covid pretende, em colaboração com instituições de ensino superior e empregadores públicos e privados, estimular uma rápida adaptação de práticas e abordagens de ensino, aprendizagem e investigação que será preciso consolidar para melhor preparar a transição para o período pós-Covid-19, de acordo com o Governo.